A nível físico, o estado do planeta está um desastre. Já a nível espiritual está pronto para a mudança.
Continuo a assistir, com espanto, à forma como são tomadas certas decisões que contribuem para a devastação do ambiente. Também vejo como tantas pessoas se fiam nas pesquisas científicas para saberem que químicos são seguros de ingerir. Os relatórios de impacte ambiental são financiados por grandes empresas que irão beneficiar financeiramente dos projetos em pesquisa.
Muitas pessoas escolhem estar em transe e não fazem, simplesmente, escolhas inteligentes quando se trata de cuidarem da saúde. Alguém precisa de declarações dos investigadores para lhes dizerem se é seguro beber água contaminada com químicos ou óleo e comida pulverizada com pesticidas?
Temos de nos perguntar o que levará as pessoas a não confiarem na sua sabedoria interior para obter respostas e a darem o seu poder a autoridades que, ou não estão a dizer a verdade, ou não conhecem os efeitos a longo prazo do que estamos a lançar no nosso ambiente.
Parece-me que as pessoas sabem o que está a acontecer, mas sentem-se paralisadas, sem saber como contribuir para fazer mudanças positivas. E claro que muitas outras pessoas estão tão sobrecarregadas pela vida que é mais fácil ficar em transe e permanecer apáticas. Muitas pensam que podem enfiar a cabeça na areia. Todos temos perceções diferentes.
Em West Virginia, onde o abastecimento de água foi contaminado por produtos químicos, há uma acesa polémica. Os investigadores diziam que era seguro beber água. Muitos pais recusaram-se a deixar as suas crianças tomar banho com esta água e bebê-la. Ainda bem que tiveram bom senso!
Um elemento do governo afirmou estar desanimado por ouvir os residentes de West Virginia dizerem que estavam a ser usados como ratos de laboratório. Mas, na verdade, ninguém sabe os efeitos a longo prazo dos químicos que estão a ser utilizados na terra, na água e no ar.
Temos de confiar no nosso conhecimento interno e na intuição. Porque, francamente, os seres humanos têm agido contra a natureza. E como somos parte da natureza, não estamos separados dela, há consequências para as ações do coletivo.
Não tenho a certeza de quanto tempo levará a humanidade a acordar e a perceber que as ações tomadas contra o ambiente estão a atingir cada ser vivo na teia de vida, assim como a própria terra.
Às vezes sinto a minha fé no coletivo da humanidade a diminuir. Ao mesmo tempo, a minha fé no espírito e na comunidade espiritual aumenta. Porque é aqui que a esperança reside. Sem esperança não há razão para continuar.
Até o coletivo acordar para as consequências do comportamento humano, devemos fortalecer e focar o nosso trabalho espiritual. As tradições espirituais, ao longo dos séculos, têm-nos mostrado que podemos transmutar toxinas. E esta é a base do trabalho de Medicina para a Terra.
Temos de continuar a ver como luz tudo o que existe. Temos de absorver a luz do sol, bem como a luz do ar que respiramos, a água que bebemos, a comida que comemos. Temos ferramentas para enfrentar estes tempos de apatia, avidez e ignorância das escolhas do coletivo que destroem a terra, que é a nossa casa.
Sabemos que o divino pode transmutar e curar o que precisa de cura. Através dos métodos espirituais, voltamos a ganhar um sentido de harmonia e equilíbrio que será refletido de novo em nós.
Iremos, provavelmente, apanhar uma onda diferente das pessoas que só reconhecem os mundos racionais e comuns de consciência.
Como já escrevi no ano passado, o nosso desafio é mantermo-nos focados no nosso trabalho espiritual, independentemente do que estiver a acontecer no mundo exterior.
Não nos podemos mais dar ao luxo de ficar indecisos entre o caminho do ego e o caminho do espírito. Os tempos que atravessamos obrigam-nos a fazer uma escolha.
Apesar de estar ciente de tudo o que está a acontecer no meio ambiente, recuso-me a cair na crença da falta e do medo. Faço uma escolha clara de continuar o meu trabalho espiritual de honrar e respeitar a natureza e toda a teia de vida. Escolhi acreditar no poder do espírito e não vou cair na consciência coletiva que se move para o medo. O medo cria o desejo de controlo. E é só o espírito que controla o nosso destino. Também continuo com o meu compromisso de ajudar a fortalecer a comunidade espiritual global. Porque temos a capacidade de criar mudanças exponenciais à medida que trabalhamos juntos, em unidade.
Não podemos operar fora do medo e do espírito ao mesmo tempo.
Sim, precisamos de expressar as nossas opiniões nas nossas comunidades e ser uma voz de razão quando se tratam de decisões políticas que afetam o ambiente. E, ao mesmo tempo, como uma comunidade global devemos manter-nos focados no nosso trabalho. É com as nossas práticas espirituais que o divino pode emergir para mudar o mundo em que vivemos. Devemo-nos render ao espírito e fazer o nosso trabalho. Devemos manter-nos fortes na nossa fé no poder do espírito. É esse o único caminho para ser um vaso do divino, da luz e do amor.
Ainda me lembro perfeitamente de, no início dos anos 90, estar a ver um documentário na televisão. O investigador estava a mostrar o nível de seca extrema que podia ocorrer em vários locais na terra. Como vivia em Santa Fé, que é o maior deserto, senti-me a entrar num estado de pânico.
No dia seguinte, fiz uma viagem xamânica e visitei Isis, a minha professora espiritual. Falei-lhe do meu medo. Ela disse-me severamente: “Se acreditas que não irás ter água, então não terás água”.
Isis partilhou isto comigo antes de eu começar a escrever Medicina para a Terra. Ao mesmo tempo, estava a escrever o meu segundo livro Welcome Home.
A mensagem que Isis partilhou comigo levou-me a fazer uma série de viagens xamânicas nas quais aprendi como a nossa perceção cria a nossa realidade. E este foi um dos ensinamentos nucleares de Medicina para a Terra.
Em todas as circunstâncias, mesmo entre a devastação e a destruição, podemos escolher percecionar a luz, a beleza e a alegria da vida. É neste estado de perceção mais apurada que o divino pode brilhar dentro e fora de nós. O divino só pode surgir quando abrimos os nossos corações.
E devemo-nos lembrar que a nova vida nasce mesmo quando a morte e a destruição ocorrem.
Em muitos dos meus livros já escrevi sobre a comunidade espiritual que se juntou nos anos 60 para viver em Findhorn, na Escócia. Tinham como intenção cultivar os seus próprios vegetais. Mas o solo era composto de areia e não possibilitava o crescimento de vegetais. Quando os espíritos da natureza, The Hidden Folk, apareceram e trabalharam com a comunidade em espírito de cooperação e colaboração, os vegetais começaram a crescer. E atingiram tamanhos inacreditáveis. É um exemplo maravilhoso de como podemos trabalhar em parceria com os espíritos da natureza.
Há uma imensidão de histórias que são partilhadas nas tradições espirituais sobre como o divino intervém e ajuda quando as pessoas fizeram o seu trabalho interior pessoal e estão preparadas para que uma mudança ocorra.
Acredito que, à medida que fortalecemos e nos mantemos focados nas nossas práticas espirituais, abrimos os véus entre o visível e o invisível, de forma que o divino e os espíritos auxiliares possam trabalhar connosco em parceria para apoiar a vida.
Numa manhã de Fevereiro, acordei com alguns pensamentos que me inquietavam. As mudanças que estamos a atravessar são bastante intensas. Há mudanças climáticas, assim como o aumento da violência e da inquietação política. Muitos dos meus amigos e colegas estão a recuperar de graves doenças ou passaram para os reinos transcendentes.
Acordei a sentir e a saber que a humanidade coletiva está a entrar na próxima fase de um processo de iniciação. Uma iniciação cria uma morte de uma velha maneira de viver. E com todas as mudanças intensas a acontecerem, não acredito que possamos adormecer nesta próxima fase de iniciação.
A força do nosso espírito interior irá transportar-nos para a próxima fase. O nosso corpo e a nossa mente não têm o que é preciso para atravessar estas mudanças. Mas o nosso espírito interior tem o que precisamos.
Devemo-nos conectar, profundamente, com o nosso espírito interior ou a nossa luz divina. Não podemos criar uma conexão superficial, em que apenas compreendemos racionalmente o que é a luz divina.
Tal como vos tenho vindo a encorajar nos últimos meses, por favor encontrem formas de renovação e de revigorarem a vossa prática de transfiguração. Assim, não estarão a trabalhar a um nível superficial. Mergulhem fundo!
Este mesmo ensinamento é verdadeiro para reconhecermos a luz divina nos outros. Muitas vezes dizemos, superficialmente, que “toda a gente e toda a vida são luz divina”. Queremos ir mais além de um estado de reconhecimento mental.
Olhem mesmo através dos olhos do espírito e percebam a luz brilhante do sol a espalhar-se. Isto era o que os verdadeiros xamãs, místicos e curadores faziam nos seus tratamentos milagrosos. Vejam e reconheçam, verdadeiramente, a luz em todas as formas de vida.
Para todos os que trabalham com pacientes, podem integrar a prática da transfiguração no vosso trabalho. É esta a prática que ensino numa das partes do curso Medicina para a Terra.
Sentado ao lado do seu paciente, num estado transfigurado, aperceba-se verdadeiramente como a luz brilhante e radiosa originou milagrosos resultados de cura. Dory, que faz um poderoso trabalho de cura, partilhou comigo que, com os resultados que vê, não entende como não há mais praticantes a trabalharem desta forma. Quando ela trabalha assim, fica nesse estado transfigurado até conseguir manter a concentração, o que para ela pode chegar aos 45 minutos. Dory ouve música de meditação como “Wavepool” (de Robert Rand), que a ajuda a manter um estado transfigurado.
Uma leitora da Transmutation News escreveu-me a pedir para falar de depressão. Porque quando está deprimida não consegue sentir a sua luz divina.
Eu tenho uma história de depressão. E foi, precisamente, a minha depressão que me conduziu a um caminho espiritual. Não procurei o tratamento médico convencional. Encontrei grandes resultados ao curar a minha depressão, aprofundando as minhas práticas espirituais. A minha depressão sempre me conduziu a continuar a aprofundar as minhas práticas espirituais e trouxe-me onde estou hoje no meu crescimento, desenvolvimento e evolução.
As variações dos meus estados emocionais alimentam a minha criatividade. Quando mergulho num estado mais escuro, não luto contra isso. Aprendi a sair da onda. O meu mantra mantém-se: “a única saída é atravessar”.
Apenas aceito o que é. Também não consigo aceder à minha luz nessas fases. Mas não acredito que a minha luz desapareceu. Apenas não a consigo contactar. Aprendi a perceber que esse é um tempo bastante rico e fértil para mim porque algo está em gestação na escuridão. O meu fogo criativo mantém-me em movimento.
Para todos os que, neste momento, se sintam a atravessar estados de depressão, consigo compreender que durante esses momentos não consigam aceder à vossa luz divina. Mas, por favor, lembrem-se que a vossa luz continua a brilhar através de vocês. Nutram-se e cuidem-se porque estão a ser guiados. Como a minha mãe dizia: “Também isso vai passar”. Fiquem com o que é.
Isso não significa que não devam explorar a origem da vossa depressão. E devem procurar ajuda médica e tratamento psicológico se for caso disso. Apenas estou a falar da questão de não sermos capazes de aceder à nossa luz quando estamos na escuridão.
O meu espírito guardião tem partilhado comigo alguns ensinamentos poderosos ao longo destes trinta anos de trabalho em conjunto. Ele costuma dizer-me: “Não te sentes na escuridão”. Ele costuma aconselhar-me a estar em movimento e eu dou comigo a voltar à luz. Ele também diria: “Quando estiveres na escuridão, não te esqueças do que aprendeste na luz”.
Inspiro-me constantemente pela criatividade dos jovens adultos.
Recentemente, recebi um e-mail de partilha de um vídeo de um palíndromo que foi escrito por um jovem de 20 anos. Um palíndromo é algo escrito que se consegue ler da mesma forma nos dois sentidos. Este vídeo aparece no Youtube e tem menos de dois minutos. Se tiver acesso ao Youtube, vai gostar desta criação:
http://youtu.be/aRG4ySdi_aE
Em fevereiro, vi uma história inspiradora no “60 Minutos”, um novo programa nos Estados Unidos.
O programa era sobre um grupo de jovens adultos que criaram uma organização Libertem as Crianças: Crianças Ajudam Crianças. É uma parceria internacional de caridade e educação, que trabalha para dar poder e permitir aos jovens serem agentes de mudança.
Este movimento de caridade e juventude foi fundado em 1995 pelo advogado de direitos humanos Craig Kielburger. Financiado em grande parte por jovens, o mote é “crianças ajudam crianças”. A caridade especializa-se no desenvolvimento sustentável no Equador, Gana, Haiti, Quénia, Nicarágua, Serra Leoa, Índia e na China rural.
A organização dirige programas educacionais e campanhas em países desenvolvidos com o intuito de sensibilizar e empoderar a juventude para ser socialmente envolvida.
Num tempo em que as notícias quase só se focam no comportamento violento da nossa jovem geração, conhecer este grupo encheu-me de esperança para o futuro. Há agora tantos jovens que ajudam outros jovens a acederem à educação e a criarem uma vida positiva.
Ver a juventude tão dedicada a ajudar os outros jovens é inspirador. E ver o impacto que estão a ter é muito estimulante.
Se quiser saber mais sobre este trabalho, visite:
www.freethechildren.org
Ísis partilhou comigo a importância de nos sentirmos completamente nutridos pela vida. Passe tempo na natureza. A natureza é a nossa grande curadora!
Li um provérbio chinês muito antigo que alguém postou no Facebook. Espero que o inspire nas boas-vindas à nova estação.
“Quando há luz na alma, há beleza na pessoa; Quando há beleza na pessoa, haverá harmonia em casa; Quando há harmonia em casa, haverá ordem na nação; Quando há ordem na nação, há paz no mundo.”
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O companheiro de Llyn Robert foi filmado para um programa do National Geographic que tem sido um grande sucesso. Chama-se “A Lenda de Mick Dodge”.
Foi criado um novo website para partilhar este trabalho:
www.olympicmountainearthwisdomcircle.org
Quero partilhar com os nossos leitores na Checoslováquia que a Pavla Stepnickova gravou um bonito cd de meditação. À medida que guia a meditação, usa um tambor xamânico para criar um estado profundo de consciência. Chama-se “Vozes da Intuição”.
Pode comprá-lo em www.osobniterapeut.cz
Copyrights. Sandra Ingerman 2014
Translation: Sofia Frazoa